Ciência no Jardim
'Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre.' Gerald Durrell
Você sabe quanto de carbono seu jardim sequestra?
Como podemos ‘limpar’ nossa atmosfera de todo gás carbônico excedente? Há vários sequestradores de carbono, plantas são um deles. Sendo assim, todo jardim sequestra carbono. Mas, quanto carbono seu jardim sequestra?
Agapanthus africanus ou Agapanthus praecox?
Leigos e viveiristas identificam dois Agapanthus comuns nos jardins como Agapanthus africanus e Agapanthus orientalis. (...) Qualquer Agapanthus designado ‘africanus' no comércio de plantas é quase certamente Agapanthus praecox.
A margarida não é uma só flor
Quem diria que uma das flores mais populares de nossos jardins, a margarida, pertencente à família Asteraceae, e, portanto, parente dos girassóis, crisântemos, entre outras, não é uma só flor, mas a reunião de muitas flores?
Plantas que fogem do jardim
Parece estranho plantas ‘fugirem’ do jardim, mas é isso mesmo. Plantas podem escapar do cultivo reservado do jardim e invadir áreas de florestas e campos naturais, tornado-se uma grande ameça à biodiversidade.
24 de dez. de 2012
20 de out. de 2012
As cores das hortênsias
Hydrangea macrophylla. Foto: Wikipedia |
20 de ago. de 2012
15 de ago. de 2012
Agrotóxico Mata
9 de ago. de 2012
As milhares de variedades de cóleus num único portal
Solenostemon scutellarioides, conhecida popularmente como cóleus, coração-magoado ou tapete são plantas muito conhecidas e utilizadas em jardins, pelas suas belas folhas de formas e cores variadas.
Existem milhares de variedades de cóleus. Para descobrir o nome de uma variedade podíamos recorrer a um livro dedicado a essas plantas e também artigos. Na internet as informações sobre as variedades de cóleus eram dispersas e esparsas. Mas, sempre surge alguém com uma idéia brilhante e simples para nos ajudar.
Foi o caso de Wouter Addink que criou o Coleus Finder. O Coleus Finder é um portal com informações sobre as milhares de variedades de coleus. São 1433 nomes de cultivares e 1115 imagens disponíveis. Nem todos os cultivares possuem imagem, ainda. Podemos pesquisar pelo nome do cultivar, por ordem alfabética ou usar filtros para forma da folha e cor, o que facilita muito na busca. Além disso, podemos conhecer um pouco da história dessas plantas e saber mais sobre tratos culturais. O inglês não atrapalha na identificação dos cultivares, pois o nome do cultivar não deve ser traduzido.
19 de jul. de 2012
Contrate um botânico
Contrate um botânico
Como deve ser organizado um banco de dados ou um catálogo de plantas impresso ou virtual? Por família botânica? Por ordem alfabética de gêneros? As identificações devem ser feitas até a categoria de espécie ou cultivar? Como afirmar que as identificações das plantas estão corretas? Como saber se o nome usado é válido e não um sinônimo? O melhor profissional para responder a essas e outras perguntas e organizar tais informações é um botânico.
O botânico, além de outras atividades, está capacitado para organizar bancos de dados e catálogos de plantas, impressos ou virtuais. Um botânico reconhece as famílias botânicas, confirma a identidade de uma planta, verifica a grafia correta de um nome, confronta nomes; reconhece nomes válidos, sinônimos ou homônimos . Ele ainda é capaz de acompanhar os avanços das pesquisas botânicas e refletir seus resultados nesses bancos de dados e catálogos.
Quem faz pesquisa, cultiva ou usa plantas de alguma forma sabe que para encontrar informações sobre alguma espécie em particular é preciso saber o nome correto da planta. Nome científico e não popular. Sendo assim, quando utilizamos um banco de dados, um catálogo ou um livro, nós esperamos encontrar informações confiáveis, que dê segurança no uso ou trato da planta. Essas características podem ser esperadas do trabalho de um botânico. Então, contrate um botânico.
M. Eiterer
6 de jul. de 2012
Colorindo o verde
Colorindo o verde
Uma planta variegada é aquela que apresenta variegação, em outras palavras, é a ocorrência de outras cores além da verde na folha e ou caule.Variegação colorida é resultado da presença de outros pigmentos como a antocianina (rosa, vermelho e roxo), carotenóide (laranja) e xantofila (amarelo), além da clorofila (verde), como em Cordyline fruticosa. Ao contrário, a variegação branca é resultado da incapacidade da planta de produzir clorofila, como em Alpinia zerumbet ‘Variegata’ e em Schefflera arboricola ‘Variegata’
Existem várias causas para a variegação. Uma delas, talvez a mais comum, é genética. Variações genéticas ou mutações ocorrem ocasionalmente na natureza. Devido a isso, alguns tecidos da planta passam a apresentar características genéticas diferentes dos outros tecidos, como a incapacidade de produzir clorofila ou a capacidade de produzir outro pigmento. Dependendo da distribuição desses tecidos se uniforme ou aleatório a variegação pode ter padrões: marginal, central, estriada, manchado, em pintas ou venosa.
E a variegação prata presente em alguns gêneros como Pilea, Begonia, Episcia, Dioscorea, Zebrina e Trifolium? Não existe um pigmento prata. Então, o que causa tal variegação? A variegação prata de plantas como Pilea cardierei ou Tradescantia zebrina é causada pela reflexão da luz na superfície da folha, isso ocorre por causa de uma bolha de ar logo abaixo da epiderme, que resulta numa reflexão branca ou prateada. Pelos nas folhas também podem refletir uma cor prateada, tal como acontece em algumas espécies de Begonia.
Uma patologia, também pode ser causa da variegação. Infecções virais podem causar o aparecimento de padrões de variegação nas folhas. Esses padrões permitem a identificação do vírus. Um vírus comum em plantas é o vírus do mosaico, como o nome indica produz um padrão de variegação em mosaico. Algumas dessas doenças são graves e causam a morte da planta. Outras não trazem sérios prejuízos para a planta e são usadas na jardinagem como em Abutilon megapotamicum ‘Variegato’ e Abutilon pictum ‘Thompsonii’.
A deficiência de nutrientes pode causar um amarelo temporário em áreas especificas da folha da planta. O limbo da folha fica amarelo por deficiência de ferro e magnésio. Mas, as folhas voltam a adquirir a cor verde, quando a deficiência é sanada.
Para reproduzir uma planta variegada, geralmente é usado o método de estaquia, alporquia, mergulhia ou qualquer outra forma de propagação vegetativa. Dessa forma conseguimos exemplares idênticos, mantendo a variegação. Em larga escala é usado a cultura de tecidos.
E, qual é o porquê da variegação em plantas? A variegação parece ser uma adaptação contra herbívoros. Plantas variegadas são menos propensas a ataque de herbívoros. Algumas plantas podem até mesmo imitar, através da variegação, a presença de larvas nas folhas, evitando os hospedeiros verdadeiros. Como é o caso de Caladium bicolor. Contudo, a variegação branca (ausência de clorofila) pode ser desvantajoso para a planta porque restringe sua capacidade fotossintética. Além disso, essas plantas não toleram condições de luminosidade baixa, podem queimar sob sol direto, pois são sensíveis a luz brilhante. Plantas com folhas totalmente brancas não fazem fotossíntese e acabam morrendo.
Plantas variegadas são comuns nos jardins, pois gostamos delas. Em virtude disso, nós as protegemos e perpetuamos. Naturalmente elas são raras. M. Eiterer
Fontes
DOWN, Brian.D; VAUGHN, Kevin C. & WILSON, Kenneth G. 1980. Preliminary investigatin of air Blisters in Pilea Cadieri. Ohio J. Sci. 80(6): 280.
*Soltau, U; Dötterl, S & Liede-Schumann, S. 2009. Leaf variegation in Caladium steudneriifolium (Araceae) – A case of mimicry?, Evolutionary Ecology, 23, 503–512.
*Nota: Caladium steudneriifolium é um sinônimo de Caladium bicolor, no texto usei o nome correto.
14 de jun. de 2012
Código Botânico
- O nome científico de um organismo é universal. Ele é único e compreendido em qualquer língua. Somente de angiospermas já foram descritas e nomeadas 250 mil espécies. Para que uma grande confusão não seja originada com a criação de tantos nomes, o autor do nome de um organismo deve seguir regras estabelecidas por um código internacional. Um código é uma coleção de leis. O objetivo do código é apresentar métodos estáveis de nominação, prevenindo e refutando o uso de nomes que gerem erros, ambigüidade ou confusão evitando, assim, a criação desnecessária de nomes.
- Organismos são nomeados conforme os princípios de um dos três códigos: Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, Código Internacional de Nomenclatura de Bacteriológica ou Código Internacional de Nomenclatura Botânica.
- Plantas são nomeadas de acordo com as regras estabelecidas pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB) ou apenas Código Botânico, que é revisado a cada seis anos. O início da elaboração do código de nomenclatura botânico ocorreu em agosto de 1867, em Paris (França), no 4º Congresso Internacional de Botânica, quando foram adotadas as regras elaboradas por Alphonse Pyramus de Candolle (1806-1893). A edição atual do código foi elaborada como resultado de decisões tomadas no 17º Congresso Internacional de Botânica, ocorrido em Viena, Áustria, em julho de 2005, conhecido como ‘Código de Viena’. A última edição ocorreu em Melbourne, Austrália em 2011. A próxima será em Shenzhen, na China, em 2017 (19º Congresso Internacional de Botânica).
- As regras do Código Internacional de Botânica podem ser sumarizadas em seis princípios:
- A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica e bacteriológica.
- A aplicação de nomes de grupos taxonômicos é determinada por meio de tipos nomenclaturais. O tipo de uma espécie é um simples espécime preservado, ou em alguns casos um desenho dele. Em outras palavras, um ramo da planta com folhas flores e frutos guardado em um herbário ou um desenho dele.
- A nomenclatura de um grupo taxonômico baseia-se na prioridade da publicação. A lei da prioridade inicia com Species Plantarum, publicado em 1753, de Carl von Linné (1707-1778).
- Cada grupo taxonômico com uma circunscrição particular, posição e classificação podem ter apenas um nome correto, o mais antigo e que está em conformidade com as regras, exceto nos casos especificados.
- Nomes científicos de grupos taxonômicos são tratados em latim, independentemente da sua derivação.
- As regras de nomenclatura são retroativas, a menos que expressamente limitadas.
McNEILL, J. et al (eds). 2006.International Code of Botanical Nomenclature (Vienna Code). Regnum Vegetabile 146. STACE, C. A. 1980. Plant taxonomy and Biosystematics. Edward Arnold: London.
5 de jun. de 2012
Agapanthus
Agapanthus africanus x Agapanthus inapertus
Agapanthus é um gênero de plantas originárias da África do Sul, isto é, só ocorrem naturalmente lá e em nenhum outro lugar. Elas ocorrem geralmente em áreas onde chove mais que 500mm por ano e em altitudes até 2.000 m. O nome Agapathus é formado por duas palavras gregas ‘ágape’ e ‘anthos’ que significam amor e flor, respectivamente, o que poderia ser interpretado como ‘flor do amor’, mas há outras interpretações possíveis.
O gênero Agapanthus foi descrito pelo botânico francês Charles Louis L'Héritier de Brutelle (1746 –1800) também conhecido por L'Héritier, em 1788. Primeiro, Agapanthus foi incluído nas família dos lírios (Liliaceae) depois na família dos narcisos (Amaryllidaceae), a seguir na família das cebolas (Alliaceae), voltou para Amaryllidadeceae, por fim está na família Agapanthaceae, família dos Agapanthus.
O botânico Frances M. Leighton revisou o gênero, em 1965 e reconheceu dez espécies de Agapanthus: A. africanus (L.) Hoffmanns, A. campanulatus Leighton, A. caulescens Sprenger, A. coddii Leighton, A. comptonii Leight, A. dyeri Leight, A. inapertus Beauv., A. nutans Leight, A. praecox Willd, A. walshii L. Bolus. Contudo, utilizando o conteúdo do DNA, a vitalidade e a cor do pólen como critério para investigar todos os gêneros de Agapanthus, Ben J. M. Zonneveld e Graham D. Duncan, em 2003, reconheceram apenas 6 espécies: A. campanulatus Leighton, A. caulescens Sprenger, A. coddii Leighton, A. praecox Willd., A. inapertus Beauv. and A. africanus (L.) Hoffmanns.
Algumas espécies de Agapanthus são cultivadas nos jardins de todo o mundo, por causa de suas inflorescências globosas compostas de pequenas flores azuis ou brancas. As espécies de Agapathus são muito variáveis nas suas características e distribuição, mas muitos similares quanto ao seu aspecto, por isso, são difíceis de identificar. Leigos e viveiristas identificam dois Agapanthus comuns nos jardins como Agapanthus africanus e Agapanthus orientalis. Agapanthus africanus é uma planta difícil de cultivar. Qualquer Agapanthus designado ‘africanus' no comércio de plantas é quase certamente Agapanthus praecox.
Agapanthus africanus foi a primeira espécie de Agapanthus coletada na África do Sul e descrita em 1679 pelo nome de Jacinto africanus por Carolus Linnaeus (1707-1778). As plantas foram cultivadas e floresceram na Europa no final do século XVII. Talvez esteja aí o início da confusão. Além disso, todo Agapanthus é africano, mas nem todo Agapanthus que vem da África é Agapanthus africanus. Por fim, plantas identificadas como Agapanthus orientallis são na verdade Agapanthus praecox, o nome Agapanthus orientalis tornou-se uma sinonímia, depois da revisão de Ben J. M. Zonneveld e Graham D. Duncan, em 2003. Livros e sites que mostram Agapanthus africanus e Agapanthus orientalis, como plantas cultivadas em jardins estão, na verdade, desatualizados.
M. Eiterer
Fonte:
LEIGHTON, F.M. 1965. The genus Agapanthus L'Heritier. Journal of South African Botany, suppl. vol. no. 4. National Botanic Gardens, Cape Town.
ZONNEVELD, B. J. M. & DUNCAN, G. D. 2003. Taxonomic implications of genome size and pollen colour and vitality for species of Agapanthus L’Héritier. Plant Syst. Evol. 241:115-123 (2003).
27 de mai. de 2012
Nomes científicos de plantas
Um nome científico, como de Mirabilis jalapa, consiste de duas partes e é conhecido como binômio. A primeira parte (Mirabilis), escrito com a primeira letra maiúscula, é o nome do gênero; o segundo (jalapa) é o epíteto específico e deve ser escrito com a primeira letra minúscula. Juntas elas formam o nome da espécie. O nome de uma espécie deve ser escrito em itálico, quando não for possível deve ser sublinhado (Mirabilis jalapa ou Mirabilis jalapa).
Nomes científicos são escritos em latim. Embora seja verdade que as regras que governam sua formação e ortografia são baseadas no latim, qualquer palavra, em qualquer linguagem, pode formar a base de um nome científico. Assim, muitos nomes de plantas que homenageiam pessoas e fazem referência a lugares são derivados de nomes comuns. Vejamos alguns exemplos. Os epítetos específicos ‘brasiliensis’ e ‘chinensis’ de Galphinia brasiliensis e Ixora chinensis, referem-se aos países Brasil e China. O segundo nome de Mirabilis jalapa, é uma referência a cidade de Jalapa, no México. Já os nomes Hedychium gardnerianum e Justicia rizzinii são uma homenagem ao político e botânico inglês que residiu no Nepal Edward Gardner(1784-1861) e ao botânico brasileiro Carlos Toledo Rizzini (1921-1992), respectivamente.
Ocasionalmente, a latinização pode provocar alguma confusão entre nome científico e nome comum. É o caso do nome gerânio para as plantas do gênero Paelargonium e Geranium. Geranium é um gênero de plantas do hemisfério norte, enquanto que Pelargonium são da África do Sul. Nos costumamos cultivar espécies de Pelargonium, os quais chamamos pelo nome comum de gerânio, derivado do nome do gênero Geranium. Embora sejam da mesma família (Geraniaceae), elas são distintas.
O processo de formalização do nome de uma planta e governado pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB ou Código de botânica) que é revisado a cada seis anos, o mais recente foi publicado em 2006. Contudo as plantas cultivadas, devem também seguir as regras do Código Internacional de Nomenclatura para Plantas Cultivadas (CINPC ou Código de plantas cultivadas).
M. Eiterer
25 de mai. de 2012
Nomes populares de plantas
Por quê não usamos apenas os nome populares para as plantas?
Por quê não usamos apenas os nomes populares para denominar as plantas? Existem muitas razões que tornam essa idéia impraticável. Vou tentar ilustrar o problema em poucas linhas, entretanto ele é bem mais complexo.
Plantas são levadas de uma cidade para outra, de um país para outro ou mesmo de um continente para outro. Nas suas novas localidades essas plantas acabam recebendo novos nomes. Nós temos em nossos pomares e jardins muitas plantas originárias do Japão e China que receberam nomes brasileiros. Um chinês ou japonês não reconhecerá a planta pelo nome brasileiro. O mesmo acontece com plantas brasileiras que foram levadas para outros países, lá elas receberam novos nomes populares, que não reconhecemos.
Ademais, algumas plantas receberam tantos nomes populares que fica difícil saber qual deles usar. É o caso, por exemplo, do angico, que também pode ser: angico-vermelho, angico-da-mata, angico-verdadeiro, angico-amarelo, angico-cedro, angico-rosa, angico-de-curtume, angico-dos-montes, angico-de-banhado, angico-sujo, guarucaia, angico-branco, brincos-de-sanguim, brincos-de-sauí, paricá.
Ainda por cima, mais de uma planta pode receber o mesmo nome popular? Um exemplo é o nome angico do exemplo anterior, pelo menos mais duas espécies recebem o nome angico, e cinco recebem o nome angico-branco. O nome canela é usado para nomear seis espécies. Outro exemplo é a babosa, três espécies são conhecidas por esse nome. Como saber qual angico, canela ou babosa é a que você quer plantar ou usar para fins medicinais?
Pelo contrário, plantas mais raras ou pouco comuns são apenas conhecidas nas suas localidades de ocorrência e recebem nomes locais. Nesse caso, na maioria das vezes fica difícil descobrir o nome popular da planta.
Um caso extremo são de plantas pouco conhecidas e que não possuem nomes populares.Também, os nomes científicos são transformados em populares. É o caso de três grandes grupos de plantas: rododendros, crisântemos e fúcsias. Esses nomes populares derivam dos nomes científicos: Rhododendron, Chrysanthemum e Fuchsia. O que demonstra que os nomes científicos tem grande força. Em contraste com os nomes populares, os nomes científicos são universais. O nome científico de uma planta é único e compreendido em qualquer língua. Por conseguinte, devemos, sem dúvida, usar os nomes científicos, sobretudo quando se quer obter ou comunicar informações fidedignas em relação as plantas.
M. Eiterer
16 de mar. de 2012
Juçara e Penelope
Penelope é um gênero de ave da família Cracidae* (Galliformes), com 15 espécies. Os cracídeos formam um dos grupos de aves neotropicais mais ameaçado de extinção. O desmatamento e a caça indiscriminada reduziram drasticamente as populações de cracídeos. Mais de um terço das suas espécies estão em perigo de extinção.
Penelope alimenta-se principalmente de frutos, são frugívoros. Embora possam também consumir folhas, flores brotos e insetos. O gênero Penelope é um importante dispersor de sementes, pois os frutos são digeridos rapidamente e as sementes são ingeridas e defecadas intactas e viáveis. Não conhecemos com detalhes a dieta das 15 espécies de Penelope, mas um estudo mostrou que 44 espécies de plantas fazem parte da dieta do jacupemba (P. superciliares). Alguns exemplos de plantas usadas na dieta do jacumpeba são: palmeira juçara (Euterpes edulis), guabiroba (Camponesia xanthocarpa) peroba-branca (Chrysophyllum gonocarpum), canela-preta (Nectandra megapotamica), canela-amarela (Ocotea dyospyrifolia) canjerana ( Cabralea canjerana).Só para citar algumas.
Juçara (Euterpe edulis) é muito importante para o jacupemba, pois compõe a maior parte da sua dieta. A juçara (Euterpe edulis) é uma palmeira nativa da Mata Atlântica. A exploração descontrolada levou a espécie ao perigo de extinção. Da juçara se extrai palmito de excelente qualidade, no entanto a retirada do palmito implica na morte da palmeira. O desaparecimento da juçara poderia trazer consequências negativas para Penelope e vice-versa.
O que será de juçara e Penelope ? Para a conservação de uma espécie muitas vezes é necessário conservar outra, neste caso uma espécie pode ser importante para a conservação de várias outras. Se cuidarmos de juçara, provavelmente estaremos ajudando todas as espécies de Penelope. Está na hora pararmos de destruir e começarmos a plantar.Plantar juçara.
M. Eiterer
*Nota: Família Cracidade é formada por 24 espécies de aracuãs, jacus, jacutingas e mutuns.
Fonte:
MIKICH, Sandra Bos. 2002. A dieta de Penelope superciliares (Cracidae) em remanescentes de floresta estacional semidecidual no centro-oeste do Paraná, Brasil e sua relação com Euterpes edulis (Arecaceae). Ararajuba 10(2):207-217.
SICK, Helmut. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
14 de fev. de 2012
Semente quiescente e dormente
Uma vez dispersa da planta-mãe, a semente representa um organismo autônomo, sendo que a continuidade do desenvolvimento do embrião dependerá de uma série de fatores, seja da própria semente, seja do ambiente. Para que o crescimento do embrião possa ser retomado –isto é, para que ocorra a germinação–, primeiramente é preciso que as condições dos ambientes químico e físico sejam favoráveis a esse processo. Assim, por exemplo, é necessário que a disponibilidade de água, a temperatura e a concentração de oxigênio no meio não limitem o metabolismo germinativo. Uma semente quiescente é aquela que inicia e completa o processo germinativo quando não existe insuficiência de fatores do ambiente e não há a presença de elementos tóxicos (como indicadores químicos capazes de impedir a germinação. Em suma desde que não haja restrição do meio, uma semente quiescente germinará em um período relativamente curto, produzindo uma plântula.
Entretanto, há muito constatou-se que algumas sementes não germinam mesmo quando colocadas em condições ambientais aparentemente favoráveis, Tais semente–denominadas dormentes– apresentam alguma restrição interna ou sistêmica à germinação, restrição esta que deve ser superada a fim de que o processo germinativo ocorra. Assim, a dormência em sementes é causada por um bloqueio situado na própria semente ou na unidade de dispersão ao contrário da quiescência, que é provocada pela ausência ou insuficiência de um ou mais fatores externos necessários à germinação.
CARDOSO, Victor José Cardoso. Dormência estabelecimento do processo. In: FERREIRA, Gui & BORGHETTI, Fabian (Org.). Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: ARTMED, 2004.