"Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre."
Gerald Durrell

Ciência no Jardim

'Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre.' Gerald Durrell

Você sabe quanto de carbono seu jardim sequestra?

Como podemos ‘limpar’ nossa atmosfera de todo gás carbônico excedente? Há vários sequestradores de carbono, plantas são um deles. Sendo assim, todo jardim sequestra carbono. Mas, quanto carbono seu jardim sequestra?

Agapanthus africanus ou Agapanthus praecox?

Leigos e viveiristas identificam dois Agapanthus comuns nos jardins como Agapanthus africanus e Agapanthus orientalis. (...) Qualquer Agapanthus designado ‘africanus' no comércio de plantas é quase certamente Agapanthus praecox.

A margarida não é uma só flor

Quem diria que uma das flores mais populares de nossos jardins, a margarida, pertencente à família Asteraceae, e, portanto, parente dos girassóis, crisântemos, entre outras, não é uma só flor, mas a reunião de muitas flores?

Plantas que fogem do jardim

Parece estranho plantas ‘fugirem’ do jardim, mas é isso mesmo. Plantas podem escapar do cultivo reservado do jardim e invadir áreas de florestas e campos naturais, tornado-se uma grande ameça à biodiversidade.

14 de jun. de 2012

Código Botânico


    O nome científico de um organismo é universal. Ele é único e compreendido em qualquer língua. Somente de angiospermas já foram descritas e nomeadas 250 mil espécies.  Para que uma grande confusão não seja originada com a criação de tantos nomes, o autor do nome de um organismo deve seguir regras estabelecidas por um código internacional. Um código é uma coleção de leis. O objetivo do código é apresentar métodos estáveis de nominação, prevenindo e refutando o uso de nomes que gerem erros, ambigüidade ou confusão evitando, assim, a criação desnecessária de nomes. 
    Organismos são nomeados conforme os princípios de um dos três códigos: Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, Código Internacional de Nomenclatura de Bacteriológica ou Código Internacional de Nomenclatura Botânica.
    Alphonse de Candolle. Foto: Wikipedia.Plantas são nomeadas de acordo com as regras estabelecidas pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB) ou apenas Código Botânico, que é revisado a cada seis anos.  O início da elaboração do código de nomenclatura botânico ocorreu em agosto de 1867, em Paris (França), no 4º Congresso Internacional de Botânica, quando foram adotadas as regras elaboradas por Alphonse Pyramus de Candolle (1806-1893). A edição atual do código foi elaborada como resultado de decisões tomadas no 17º Congresso Internacional  de Botânica, ocorrido em Viena, Áustria, em julho de 2005, conhecido como ‘Código de Viena’. A última edição ocorreu em  Melbourne, Austrália em 2011.  A próxima será em Shenzhen, na China, em 2017 (19º Congresso Internacional de Botânica).
    As regras do Código Internacional de Botânica podem ser sumarizadas em seis princípios:
    1. A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica e bacteriológica.
    2. A aplicação de nomes de grupos taxonômicos é determinada por meio de tipos nomenclaturais. O tipo de uma espécie é um simples espécime preservado, ou em alguns casos um desenho dele. Em outras palavras, um ramo da planta com folhas flores e frutos guardado em um herbário ou um desenho dele.
    3. A nomenclatura de um grupo taxonômico baseia-se na prioridade da publicação. A lei da prioridade inicia com Species Plantarum, publicado em 1753, de Carl von Linné (1707-1778).
    4. Cada grupo taxonômico com uma circunscrição particular, posição e classificação podem ter apenas um nome correto, o mais antigo e que está em conformidade com as regras, exceto nos casos especificados.
    5. Nomes científicos de grupos taxonômicos são tratados em latim, independentemente da sua derivação.
    6. As regras de nomenclatura são retroativas, a menos que expressamente limitadas.
M. Eiterer
Fonte:
McNEILL, J. et al (eds). 2006.International Code of Botanical Nomenclature (Vienna Code). Regnum Vegetabile 146.
STACE, C. A. 1980. Plant taxonomy and Biosystematics. Edward Arnold: London.

5 de jun. de 2012

Agapanthus

Agapanthus africanus x Agapanthus inapertus

 Agapanthus. Foto: Wikipedia

Agapanthus é um gênero de plantas originárias da África do Sul, isto é, só ocorrem naturalmente lá e em nenhum outro lugar. Elas ocorrem geralmente em áreas onde chove mais que 500mm por ano e em altitudes até 2.000 m. O nome Agapathus é formado por duas palavras gregas ‘ágape’ e ‘anthos’ que significam amor e flor, respectivamente, o que poderia ser interpretado como ‘flor do amor’, mas há outras interpretações possíveis.
O gênero Agapanthus foi descrito pelo botânico francês Charles Louis L'Héritier de Brutelle (1746 –1800) também conhecido por L'Héritier, em 1788. Primeiro, Agapanthus foi incluído nas família dos lírios (Liliaceae) depois na família dos narcisos (Amaryllidaceae), a seguir na família das cebolas (Alliaceae), voltou para Amaryllidadeceae, por fim está na família Agapanthaceae, família dos Agapanthus. 
O botânico Frances M. Leighton revisou o gênero, em 1965  e reconheceu dez espécies de Agapanthus: A. africanus (L.) Hoffmanns,  A. campanulatus Leighton, A. caulescens Sprenger,  A. coddii Leighton,  A. comptonii Leight, A. dyeri Leight,  A. inapertus Beauv.,  A. nutans Leight, A. praecox Willd, A. walshii L. Bolus. Contudo, utilizando o conteúdo do DNA, a vitalidade e a cor do pólen  como critério para investigar todos os gêneros de Agapanthus, Ben J. M. Zonneveld e Graham D. Duncan, em 2003, reconheceram apenas 6 espécies: A. campanulatus Leighton, A. caulescens Sprenger, A. coddii Leighton, A. praecox Willd., A. inapertus Beauv. and A. africanus (L.) Hoffmanns.
Algumas espécies de Agapanthus são cultivadas nos jardins de todo o mundo, por causa de suas inflorescências  globosas compostas de  pequenas flores azuis ou brancas. As espécies de Agapathus são muito variáveis nas suas características e distribuição, mas muitos similares quanto ao seu aspecto, por isso, são difíceis de identificar. Leigos e viveiristas identificam dois Agapanthus comuns nos jardins como Agapanthus africanus e Agapanthus orientalis. Agapanthus africanus é uma planta difícil de cultivar. Qualquer Agapanthus designado ‘africanus' no comércio de plantas é quase certamente Agapanthus praecox. 
Agapanthus africanus foi a primeira espécie de Agapanthus coletada na África do Sul e descrita em 1679 pelo nome de Jacinto africanus por Carolus Linnaeus (1707-1778). As plantas foram cultivadas e floresceram na Europa no final do século XVII. Talvez esteja aí o início da confusão. Além disso, todo Agapanthus é africano, mas nem todo Agapanthus que vem da África é Agapanthus africanus. Por fim, plantas identificadas como Agapanthus orientallis  são na verdade  Agapanthus praecox, o nome Agapanthus orientalis tornou-se uma sinonímia, depois da revisão de Ben J. M. Zonneveld e Graham D. Duncan, em 2003. Livros e sites que mostram Agapanthus africanus e Agapanthus orientalis, como plantas cultivadas em jardins estão, na verdade, desatualizados.
M. Eiterer


Fonte:

LEIGHTON, F.M. 1965. The genus Agapanthus L'Heritier. Journal of South African Botany, suppl. vol. no. 4. National Botanic Gardens, Cape Town.
ZONNEVELD, B. J. M. & DUNCAN, G. D. 2003. Taxonomic implications of genome size and pollen colour and vitality for species of Agapanthus L’Héritier. Plant Syst. Evol. 241:115-123 (2003).