"Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre."
Gerald Durrell

Ciência no Jardim

'Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre.' Gerald Durrell

Você sabe quanto de carbono seu jardim sequestra?

Como podemos ‘limpar’ nossa atmosfera de todo gás carbônico excedente? Há vários sequestradores de carbono, plantas são um deles. Sendo assim, todo jardim sequestra carbono. Mas, quanto carbono seu jardim sequestra?

Agapanthus africanus ou Agapanthus praecox?

Leigos e viveiristas identificam dois Agapanthus comuns nos jardins como Agapanthus africanus e Agapanthus orientalis. (...) Qualquer Agapanthus designado ‘africanus' no comércio de plantas é quase certamente Agapanthus praecox.

A margarida não é uma só flor

Quem diria que uma das flores mais populares de nossos jardins, a margarida, pertencente à família Asteraceae, e, portanto, parente dos girassóis, crisântemos, entre outras, não é uma só flor, mas a reunião de muitas flores?

Plantas que fogem do jardim

Parece estranho plantas ‘fugirem’ do jardim, mas é isso mesmo. Plantas podem escapar do cultivo reservado do jardim e invadir áreas de florestas e campos naturais, tornado-se uma grande ameça à biodiversidade.

10 de jun. de 2011

O aquecimento global e as plantas



Terra. Fonte da foto: wikipedia






A temperatura da Terra está subindo e a emissão de gases-estufa, provenientes de atividades humanas (como a queima de combustíveis fósseis e as queimadas), é a principal dessa elevação. Segundo cálculos dos climatologistas, a temperatura média da atmosfera deve subir entre dois e seis graus centigrados até o fim do século 21. Pode parecer pouco, mas já seria o suficiente para provocar conseqüências desastrosas em escala planetária.

Um dos efeitos mais diretos do aquecimento global seria a elevação no nível do mar e a inundação de cidades e comunidades litorâneas. Mas muitos outros efeitos são esperados, como o aumento na intensidade de certos fenômenos naturais, como furacões, inundações e secas, e o aumento na incidência de estresses por calor e doenças respiratórias em pessoas que vivem em áreas urbanas.

O aquecimento global também teria um impacto grande na vida das plantas. Árvores de grande porte seriam particularmente vulneráveis às mudanças climáticas. Isso porque muitas crescem durante um período prolongado de tempo antes de começarem a se reproduzir. Além disso, muitas espécies têm uma capacidade limitada de dispersão, comumente espalhando as sementes apenas a curtas distâncias. No fim das contas, as mudanças climáticas podem ser rápidas demais para que espécies com um tempo de geração prolongado consigam evoluir adaptações.

De resto, a fuga para novos hábitats pode ser prejudicada pela presença de barreiras naturais, como montanhas, rios, oceanos, cidades etc. Nesse sentido, árvores de grande porte que vivem em ilhas enfrentarão uma situação duplamente preocupante: o tempo de geração prolongado e as barreiras à dispersão. Nessas circunstâncias, muitas populações deverão desaparecer. Mesmo a estratégia de criar unidades de conservação para proteger populações (vegetais e animais) ameaçadas de extinção pode não ser suficiente para enfrentarmos com sucesso todas as ameaças que um aquecimento global representaria.

Além de desafios novos que encontraremos em futuro próximo, alguns estudos têm mostrado que certas plantas já estão respondendo (em termos evolutivos) às mudanças climáticas. Na Inglaterra, por exemplo, uma espécie de gerânio está antecipando o início da floração em cinco semanas para cada elevação de um grau centígrado na temperatura média anual. Na América do Norte, observações com o indigo (Syringa) e a madressilva (Lonicera) mostram que essas plantas estão florescendo sete dias mais cedo do que o faziam em 1950, quando as observações começaram. Plantas européias estão agora florescendo seis dias mais cedo do que fizeram em 1960 e a estação de crescimento delas tem se prolongado por mais uma ou duas semanas.

Como se não bastasse tudo isso, vale lembrar que muitas plantas dependem da presença de visitantes especializados, sem os quais a polinização das flores simplesmente não ocorre. Com a antecipação do florescimento, a sincronia entre plantas e polinizadores pode ser quebrada. Sem o polinizador certo na época apropriada, os óvulos deixarão de ser fertilizados e as sementes não serão mais formadas. Algo semelhante pode ocorrer entre a planta e os animais que fazem a dispersão de suas sementes.

Para atacar esses problemas de frente, teremos de adotar medidas que reduzam de modo efetivo o volume de gases-estufas que estão sendo despejados anualmente. Caso contrário, o clima continuará mudando depressa demais, ameaçando a sobrevivência de espécies vegetais e animais. Além, claro, de nossa própria espécie.


M. Eiterer