"Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre."
Gerald Durrell

Ciência no Jardim

'Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre.' Gerald Durrell

Você sabe quanto de carbono seu jardim sequestra?

Como podemos ‘limpar’ nossa atmosfera de todo gás carbônico excedente? Há vários sequestradores de carbono, plantas são um deles. Sendo assim, todo jardim sequestra carbono. Mas, quanto carbono seu jardim sequestra?

Agapanthus africanus ou Agapanthus praecox?

Leigos e viveiristas identificam dois Agapanthus comuns nos jardins como Agapanthus africanus e Agapanthus orientalis. (...) Qualquer Agapanthus designado ‘africanus' no comércio de plantas é quase certamente Agapanthus praecox.

A margarida não é uma só flor

Quem diria que uma das flores mais populares de nossos jardins, a margarida, pertencente à família Asteraceae, e, portanto, parente dos girassóis, crisântemos, entre outras, não é uma só flor, mas a reunião de muitas flores?

Plantas que fogem do jardim

Parece estranho plantas ‘fugirem’ do jardim, mas é isso mesmo. Plantas podem escapar do cultivo reservado do jardim e invadir áreas de florestas e campos naturais, tornado-se uma grande ameça à biodiversidade.

20 de out. de 2011

As várias formas de apresentar o pólen ao polinizador


A função primária da antera é a produção de grãos de pólen. Trata-se, assim, de um órgão doador de gametas. Depois que é produzido e atinge a maturidade, o pólen deve seguir viagem até o estigma, órgão feminino que tem a função de receber o pólen. Lá chegando, e tudo correndo bem, o pólen germinará, formando um tubo - o tubo polínico - por onde o gameta masculino penetrará até alcançar o gameta feminino, que se encontra protegido dentro do óvulo, no interior do ovário. A fecundação do óvulo pelos grão de pólen resulta na formação de sementes (i.e., novos descendentes).

Sair da antera de uma flor e chegar ao estigma de outra não é uma viagem sem riscos, mesmo para esse pacote resistente e durável, que transporta o gameta masculino, chamado grão de pólen. Essa viagem - a polinização - pode durar alguns segundos ou mesmo dias, e cada espécie produz seus grãos de pólens adaptados a essas variações. Para iniciar sua viagem e alcançar seu objetivo, o pólen precisa contar com a ação de algum agente transportador de pólen - i.e., um dispersor.

O vento e a água funcionam como agentes dispersores de pólen para muitas espécies de plantas. O mais comum, no entanto, é que o agente dispersor seja algum animal, como abelhas, besouros, borboletas, morcegos ou beija-flores. Para que esses animais dispersores - também chamados de vetores - cheguem até o pólen, este precisa estar situado em alguma região visível ou facilmente detectável. A principal estrutura da flor que apresenta o pólen ao seu dispersor é a própria antera. Em muitas espécies, a antera se abre longitudinalmente, expondo o pólen aos visitantes. Em outros casos, o animal retira os grãos de pólen através de pequenos orifícios nas anteras. Esse é o caso, por exemplo, de abelhas que vibram agarradas sobre as anteras e, desse modo, têm acesso a pequenas quantidades de pólen. Nesses casos, como o apresentador é a própria antera, dizemos que a apresentação de pólen é primária.

Em muitas outras espécies de plantas, no entanto, nas quais a apresentação de pólen é um processo mais especializado, outras estruturas assumem o papel de apresentador. O pólen continua a ser produzido nas anteras, sendo posteriormente transferido para outra estrutura floral, como filete, estilete ou pétalas, ainda na fase de botão. Essas estruturas possuem adaptações especilizadas para reter os grãos de pólen, como a epiderme recoberta de papilas ou pêlos. A antera mantém sua função primária de produzir o pólen, mas deixa de exercer a função de apresentá-lo. Esse tipo de apresentação é conhecido como apresentação secundária de pólen. Um exemplo familiar em jardins pode ser visto na Giesta (Spartium junceum, Leguminosae: Papilionoideae), na qual o pólen é depositado sobre os filetes da antera, que ficam assim armados como pequenas catapultas. Quando o dispersor toca na flor, o estame desarma e o pólen é lançado sobre ele. Outras plantas de jardim que exibem uma apresentação secundária de pólen são a Cana-da-índia (Canna denudataC. x generalisC. limbata; Cannaceae) e as Ixoras (Ixora chinensisI. coccineaI. macrothyrsa; Rubiaceae).

Os estudiosos ainda divergem entre si no que diz respeito ao número de famílias botânicas que abrigam espécies com apresentação secundária, mas esse número seguramente está próximo de trinta. O pólen é um investimento caro e de grande valor para a planta, já que armazena o gameta masculino. Por isso mesmo, as principais hipóteses para explicar as funções e a evolução da apresentação secundária de pólen argumentam que tal comportamento poderia ser um modo de minimizar os custos da produção, pois tornaria a polinização um processo mais eficiente e exato; a planta também economizaria pólen, pois na apresentação secundária apenas pequenas quantidades de pólen são apresentadas de cada vez, aumentando assim as chances de que mais de um dispersor transporte seu pólen. Além disso, a apresentação secundária evita que o órgão masculino interfira no funcionamento do feminino e vice-versa.

Aparentemente perfeita, a arquitetura da flor tem lá os seus problemas. Não é à toa, portanto, que ao longo da história evolutiva das angiospermas, as flores têm incorporado mecanismos cada vez mais sofisticados no sentido, ao que parece, de contornar ao menos alguns desses problemas.

M. Eiterer

4 de out. de 2011

O perfume das flores


Plantas produzem muitas substâncias que funcionam como mediadores entre plantas e animais, algumas dessas substâncias servem para repelir herbívoros,  outras para atrair polinizadores. 

Substâncias repelentes geralmente são encontradas nas folhas. A planta precisa evitar que suas folhas sejam comidas, pois são elas que fazem fotossíntese. Repelentes atuam sob contato. Encostou ou deu uma mordida a folha libera uma substância repelente. Exemplos são as folhas de manjericão, hortelã, laranja e limão. As folhas produzem substâncias repelentes em uma grande variedade de estruturas. 


Já as flores produzem perfume para atrair polinizadores. O perfume das flores são produzidos em osmóforos (osmo=odor foros=produz; área do tecido floral especializada na emissão de cheiro) geralmente presentes nas pétalas, mas estruturas como os estames, também podem produzir perfume. O perfume só é liberado em determinadas condições. Repelentes e perfumes florais podem ter uma origem evolutiva comum, pois as estruturas florais são homólogas com folhas.

Para descobrir se uma flor produz perfume ou qual estrutura da flor produz o perfume, podemos fazer uma experiência bem simples:



Material
*4 vidros com tampas
*canetas de retroprojetor
*pinça
*flores frescas

Como fazer
1) Colocar 3 a 4 flores em cada vidro e tampe. Aguarde cerca de 30 minutos e abra o vidro. Tente sentir o cheiro que exala do vidro. Se não há cheiro pode ser que a flor não produz perfume ou ela emite o perfume em determinado horário, e.g., durante a noite.
2) Mas qual parte da flor emite o perfume? Será que é a corola? Os estames? Para saber qual parte da flor exala o perfume teremos que separar as partes da flor e colocar cada parte em um vidro separado. Para que o cheiro fique bem concentrado dentro do vidro use mais de uma flor.
M. Eiterer