O nectário é uma estrutura secretora, que secreta néctar. Ele está presente nas flores ou em partes vegetativas, como folhas. Ele é oferecido como recompensa pelos serviços de polinização, prestados por alguns animais. No entanto, a produção de néctar é dispendiosa para a planta, o volume produzido por uma planta pode consumir até 37% de toda a sua produção fotossintética diária. Logo, néctar tem um importante papel nas interações entre planta e polinizador. Dessa forma, ele está sujeito a pressões seletivas, que podem ser impostas pelos próprios polinizadores, favorecendo, portanto, o surgimento e a manutenção de determinadas características, como por exemplo, cor.
Néctar é comumente caracterizado como sendo um líquido incolor. Contudo, a existência de néctar colorido já era conhecida desde a antiguidade, citado por Homero, em Ilíada (Livro XIXX, versos 37-39). Mas, ele só veio a ser descrito pela primeira vez pela ciência em 1785, pelo sueco Andreas Hesselius (1677-1733), na descrição de uma espécie de Aloe. Outras espécies foram descritas desde então, algumas com interpretações equivocadas ou publicadas sem o devido enfoque, ou em revistas obscuras.
Néctar é comumente caracterizado como sendo um líquido incolor. Contudo, a existência de néctar colorido já era conhecida desde a antiguidade, citado por Homero, em Ilíada (Livro XIXX, versos 37-39). Mas, ele só veio a ser descrito pela primeira vez pela ciência em 1785, pelo sueco Andreas Hesselius (1677-1733), na descrição de uma espécie de Aloe. Outras espécies foram descritas desde então, algumas com interpretações equivocadas ou publicadas sem o devido enfoque, ou em revistas obscuras.
Quase dois séculos depois do primeiro relato de Hesselius, uma espécie endêmica e ameaçada das Ilhas Maurício, Nesocodon mauritianus (Campanulaceae), foi descoberta e descrita pelo botânico irlandês Peter Wyse Jackson, no entanto a cor vermelha do seu néctar passou despercebida de Jackson. Em plantas herborizadas o néctar seco é de difícil interpretação, pois pode parecer apenas uma mancha colorida sobre a corola. A cor do néctar só pode ser percebida em plantas vivas. Entretanto, essa seria a espécie que despertaria a atenção dos botânicos para essa intrigante e peculiar característica do néctar.
Assim, 14 anos depois da descrição de Jackson, de Nesocodon mauritianus, Jens M. Olesen e outros, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, estudavam populações dessa espécie, nas Ilhas Maurício e cultivaram a espécie na Universidade de Aarhus. Foi então que descobriram que a cor do néctar de Nesocodon mauritianus era vermelha e decidiram investigá-lo. Nessa época os pesquisadores acreditavam que essa era a única espécie com néctar colorido no mundo e que tal fato só ocorria nas Ilhas Maurício. Mas, Dennis M. Hansen, da Universidade de Zurique, na Suíça e colaboradores revisaram o assunto e descobriram que outras espécies de plantas em outras partes do planeta produziam néctar colorido. No Brasil, é conhecida apenas uma espécie que secreta néctar de cor azul, Schwartzia brasiliensis (=Noranteia brasiliensis, Marcgraviaceae).
Graças ao trabalho unificador de Hansen, sabemos hoje que néctar colorido surgiu independentemente e repetidamente em diferentes regiões geográficas, tropicais e subtropicais, em 68 taxas, 20 gêneros e 15 famílias de 13 ordens de angiospermas. Para os pesquisadores da Universidade de Zurique, esse padrão de convergência sugere a possibilidade de uma pressão seletiva comum, como a necessidade de um sinal honesto para os visitantes, permitindo que eles avaliem a quantidade de néctar na flor, antes de visitá-la e dessa forma ajustar seu comportamento. Os polinizadores observados em algumas dessas espécies são vertebrados. Aves, em Aloe e Schwartzia brasiliensis e, lagartos (Phelsuma), em Trochetia boutoniana (néctar vermelho) e, Trochetia blackburniana (néctar amarelo).
Além de transparente, o néctar pode ter as cores: amarelo, azul, laranja, marrom, preto, vermelho e verde devido a presença de compostos secundários na sua composição química como: aurone em Nescodon mauritianus e antocianina Schwartzia brasiliensis. Compostos secundários podem mudar não só aparência, mas também o gosto e digestibilidade do néctar. Contudo, a função do néctar colorido nas outras espécies ainda não está esclarecida. Novas pesquisas devem ser conduzidas com outras espécies, para podermos entender a função e a evolução do néctar colorido.
M. Eiterer
OLESEN, J. M., RØNSTED, N., TOLDERLUND, U., CORNETT, C., MØLGAARD, P., MADSEN, J., JONES, C. G. & OLSEN, C. E. 1998. Mauritian red nectar remains a mystery. Nature 393: 529.
HANSEN, D. M.; OLESEN, J. M.; MIONE, t.; JOHNSON, S. D. & MÜLLER, C. B. 2007. Coloured nectar: distribution, ecology, and evolution of an enigmatic floral trait. Biological Reviews vol. 82, pp. 83-111.
SAZIMA, I., BUZATO, S. & SAZIMA, M. (1993). The bizarre inflorescence of Norantea brasiliensis (Marcgraviaceae): visits of hovering and perching birds. Botanica Acta 106, 507–513.
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