"Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre."
Gerald Durrell

16 de mar. de 2011

A revolução das plantas secas


Herbário do Museum National d`Histoire Naturelle, em Paris, França. Foto: Wikipedia.
Amostras de material botânico têm sido colecionadas por naturalistas e biólogos há centenas de anos. Coleções de plantas secas - usadas, por exemplo, para documentar a descrição de espécies novas - são chamadas de herbários. A técnica empregada para preparar essas amostras recebe o nome de herborização e é tão antiga quanto simples: podemos secar amostras de material botânico prensando-as entre folhas de papel - jornais velhos, por exemplo.
A herborização foi primeiramente utilizada por ilustradores botânicos, preocupados em preservar as características naturais das plantas que retratavam. Com o barateamento do papel na Europa, após o surgimento das primeiras fábricas, ainda no século XII, o material tornou-se mais acessível, o que facilitou a difusão da herborização e o desenvolvimento dos herbários.
Luca Ghini (1490-1556). Foto: Wikipedia. Luca Ghini (1490-1556), professor de botânica da Universidade de Bologna, na Itália, é considerado o primeiro botânico a usar técnicas de herborização. Seu herbário pessoal data de 1520. Ghini difundiu a técnica entre colegas, além de incentivar o intercâmbio de plantas herborizadas.
Os herbários modernos são verdadeiros repositórios de informação, armazenando coleções de importância local, nacional ou internacional, dependendo da abrangência do material colecionado. Suas funções incluem identificação, pesquisa e educação. Consultando coleções de herbários podemos ter uma idéia da distribuição geográfica e do comportamento (época de floração) das espécies. Mais recentemente, o material herborizado também tem sido usado em estudos moleculares (contagem de cromossomos, análise de DNA, extração de substâncias químicas etc.).

Todo material herborizado é registrado e recebe uma etiqueta com informações padronizadas, tais como: identificação da espécie, local e data de coleta e nome do coletor. Vale notar que nem sempre o coletor é também o responsável pela identificação; ao contrário, o mais comum é que a identificação específica seja feita por um especialista no grupo, anos após o material ter sido depositado no herbário.
Existem hoje cerca de 3,3 mil herbários em todo o mundo. Há um catálogo mundial de herbários, chamado Index Herbariorum, no qual todos eles devem estar devidamente registrados. O maior herbário do mundo está no Musèum National d`Histoire Naturelle, em Paris; foi fundado em 1635 e abriga hoje cerca de 7,5 milhões de exemplares. Para se ter uma idéia, basta dizer que esse total equivale à soma do acervo de todos os herbários brasileiros. O maior herbário brasileiro, que é também o mais antigo, está no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Foi criado por Ludwig Riedel, em 1831, e conta hoje com 500 mil exemplares.
Museu Nacional. Foto: Wikipedia.
Alguns dos mais importantes herbários do mundo estão sendo informatizados, permitindo assim que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, tenha acesso aos respectivos acervos via Internet. Esse é o caso, por exemplo, do New York Botanical Garden e do Neotropical Herbarium Specimens, ambos nos Estados Unidos; experimente: Virtual Herbarium.

M. Eiterer





M.Eiterer é bióloga/botânica. Adora jardins e plantas desde crianças, já plantou tantas árvores que perdeu a conta.Escreve também para o blog Aves de Viçosa. Leia o perfil completo.

2 comentários:

  1. Os herbários são sim uma fonte essencial para trabalhos que envolvem a botânica. E é de se assustar com a condição em que se encontram alguns herbários do Brasil, como exemplo o herbário de Viçosa (Herbário VIC). Os visitantes fazem o que querem sem qualquer supervisão; o sistema de controle de umidade e temperatura estão sempre com algum problema; chegam a aparecer até mesmo fungos e insetos dentro de algumas excicatas; a organização do acervo é péssima e materiais botânicos são cada dia mais entulhados. Enfim, esses são alguns dos problemas que observamos em um dos mais importantes herbários de Minas Gerais.

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  2. Obrigada, Marcos, pelo incentivo epela visita. Acho sim que as instituições responsáveis devem ter mais cuidado com seus acervos. Além dos problemas que você já relatou, temos ainda a naftalina, muitos têcnicos e estudantes entram em herbários que usam naftalina sem mascáras adequadas, um perigo para a saúde. A naftalina deveria ser banida dos herbários. Para aqueles que são usuários de herbários que usam naftalina, solicitem mascáras de carvão.

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