Uma vez dispersa da planta-mãe, a semente representa um organismo autônomo, sendo que a continuidade do desenvolvimento do embrião dependerá de uma série de fatores, seja da própria semente, seja do ambiente. Para que o crescimento do embrião possa ser retomado –isto é, para que ocorra a germinação–, primeiramente é preciso que as condições dos ambientes químico e físico sejam favoráveis a esse processo. Assim, por exemplo, é necessário que a disponibilidade de água, a temperatura e a concentração de oxigênio no meio não limitem o metabolismo germinativo. Uma semente quiescente é aquela que inicia e completa o processo germinativo quando não existe insuficiência de fatores do ambiente e não há a presença de elementos tóxicos (como indicadores químicos capazes de impedir a germinação. Em suma desde que não haja restrição do meio, uma semente quiescente germinará em um período relativamente curto, produzindo uma plântula.
Entretanto, há muito constatou-se que algumas sementes não germinam mesmo quando colocadas em condições ambientais aparentemente favoráveis, Tais semente–denominadas dormentes– apresentam alguma restrição interna ou sistêmica à germinação, restrição esta que deve ser superada a fim de que o processo germinativo ocorra. Assim, a dormência em sementes é causada por um bloqueio situado na própria semente ou na unidade de dispersão ao contrário da quiescência, que é provocada pela ausência ou insuficiência de um ou mais fatores externos necessários à germinação.
CARDOSO, Victor José Cardoso. Dormência estabelecimento do processo. In: FERREIRA, Gui & BORGHETTI, Fabian (Org.). Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: ARTMED, 2004.