"Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre."
Gerald Durrell

Ciência no Jardim

'Desde o momento em que nascemos somos exploradores, num mundo complexo e cheio de fascínio. Para algumas pessoas, o interesse pode desaparecer com o tempo ou com as pressões da vida, mas outras têm a felicidade de mantê-lo vivo para sempre.' Gerald Durrell

Você sabe quanto de carbono seu jardim sequestra?

Como podemos ‘limpar’ nossa atmosfera de todo gás carbônico excedente? Há vários sequestradores de carbono, plantas são um deles. Sendo assim, todo jardim sequestra carbono. Mas, quanto carbono seu jardim sequestra?

Agapanthus africanus ou Agapanthus praecox?

Leigos e viveiristas identificam dois Agapanthus comuns nos jardins como Agapanthus africanus e Agapanthus orientalis. (...) Qualquer Agapanthus designado ‘africanus' no comércio de plantas é quase certamente Agapanthus praecox.

A margarida não é uma só flor

Quem diria que uma das flores mais populares de nossos jardins, a margarida, pertencente à família Asteraceae, e, portanto, parente dos girassóis, crisântemos, entre outras, não é uma só flor, mas a reunião de muitas flores?

Plantas que fogem do jardim

Parece estranho plantas ‘fugirem’ do jardim, mas é isso mesmo. Plantas podem escapar do cultivo reservado do jardim e invadir áreas de florestas e campos naturais, tornado-se uma grande ameça à biodiversidade.

28 de dez. de 2016

Lançamento:O evolucionista voador

A vida e a obra de 14 grandes cientistas: Henry Walter Bates, James F. Crow, Marie Curie, John L. Harper, Charles Keeling, Lynn Margulis, John Maynard Smith, Ernst Mayr, Stanley L. Miller, George Price, Richard Southwood, Alfred Russel Wallace, George C. Williams e Carl R. Woese. O livro está saindo do forno e você pode fazer seu pedido direto com o autor através do e-mail: meiterer@hotmail.com .

20 de mar. de 2016

Sauerkraut: história, biologia e preparo




Inscrições, Clique Aqui!
Carga horária: 4 horas
Investimento
R$50,00

Local:Quintal de Artes e Terapias - Av. Barão do Rio Branco, 232,  Manoel Honório, Juiz de Fora.
Telefone:3224-9903
Turmas:
24 (18 às 22 h) e 25 de junho de 2016 (14 as 18h) 


Chucrute: prato alemão inventado pelos chineses



Há quem torça o nariz, achando que chucrute não é um alimento saudável. Ledo engano: além de ser um prato muito antigo, o chucrute já salvou muitas vidas e alimentou muitos trabalhadores, além de ser, sim, um alimento bastante saudável.

Também se engana quem pensa que o chucrute foi criado pelos alemães, pois ele provavelmente surgiu no norte da China, há mais de dois mil anos. Os trabalhadores que construíram a Muralha da China comiam chucrute. De fácil preparo e conservação, o chucrute era um alimento importante na região, principalmente no inverno.  Ele foi introduzido na Europa pelos mongóis, já no século 13, que levaram consigo o ‘suan cai’, prato muito parecido com o chucrute. Outros pratos asiáticos semelhantes ao chucrute são o ‘kimchi’ (coreano), o ‘tsukemono’ (japonês) e o ‘atchara’ (filipino). No século 18, descobriu-se que o chucrute prevenia o escorbuto, doença causada pela carência de ingestão de vitamina C. O famoso navegador inglês James Cook (1728-1779), por exemplo, mantinha estoques de chucrute em suas longas viagens pelos setes mares – além de alimentar a tripulação, ajudava a prevenir a incidência de escorbuto.

O chucrute é o resultado da fermentação do repolho por bactérias, na presença de sal. A salga do repolho tem duas finalidades importantes. Primeiro, provoca um desequilíbrio osmótico que resulta na liberação de água e nutrientes do repolho. A água assim liberada funciona como um excelente meio de cultura para certos micro-organismos. Em segundo lugar, a elevada concentração de sal inibe o crescimento de outros micro-organismos que poderiam deteriorar o repolho. Nenhuma bactéria precisa ser adicionada, pois as várias bactérias envolvidas na fermentação, como Leuconostoc, Lactobacillus e Pediococcus, já estão presentes no repolho. A uma temperatura média de 21°C, são necessárias cerca de cinco semanas para uma fermentação completa. Depois que o chucrute estiver totalmente curado, ele pode ser mantido por vários meses em um recipiente hermético, fora da geladeira.

O chucrute é um alimento saudável, de sabor ácido e textura crocante. Exibe baixos teores de açúcares, gorduras e calorias. É rico em fibras, além de conter uma série de nutrientes, como sódio, potássio, cálcio, enxofre, magnésio, manganês, vitamina A, B e D. É especialmente rico em vitamina C e lactobacilos vivos, a exemplo do iogurte, do leite fermentado e do missô. Pode ser servido na forma de saladas, cozido junto com carnes ou outros legumes ou em sopas. O aquecimento reduz seu valor nutricional, pois destrói os lactobacilos e reduz o teor de vitamina C. Pessoas que não estão habituadas a comer alimentos ácidos e ricos em lactobacilos podem ter problemas intestinais ao experimentar o chucrute. Se você for uma dessas pessoas prefira o chucrute refogado. Além disso, como se trata de alimento rico em sódio, os hipertensos devem experimentá-lo com moderação.


Se você quiser mais informações pode escrever para marineseiterer@hotmail.com , terei o maior prazer em esclarecer suas dúvidas.





21 de fev. de 2016

Botânica para artesão

Como o curso surgiu


Adora artesanato. Faço e compro. Em 2015, participei de uma reunião  sobre  turismo e  artesanato no meu município. Entre outras coisas foi discutida a falta de identidade no artesanato local.  Sugeri a criação de um curso que levasse o artesão a conhecer a riqueza da flora local. Nós aqui estamos sob os domínios da Mata Atlântica. Então, criei e ministrei um curso intitulado 'Botânica para artesãos". 

Abordagem do curso

Nas aulas tentei mostrar a riqueza da nossa flora local. Depois, ensinei como essa  informação poderia ser usada no artesanato.  Dessa forma, poderia ser criado um trabalho original, com identidade, retratando a flora local. O artesão também passaria a ser um multiplicador desse conhecimento através do seu próprio trabalho.

Capas de almofada com flores de ipê aplicadas. Ana Lúcia Fontes
Durante este primeiro curso percebi que a maioria dos artesãos desconheciam ou pouco sabiam sobre: sustentabilidade, biodiversidade, biomas, ecossistemas, conservação, impactos ambientais etc. E, depois disso resolvi acrescentar uma abordagem sobre estes conceitos no curso.


Novas descobertas, muita discussão

Assim, inclui no curso questões como:


O que é biodiversidade?

Sua região tem muita ou pouca biodiversidade.
Qual é o bioma da sua região?
O que é bioma?
Seu trabalho é sustentável?
O que é sustentabilidade?
Seu artesanato deixa pegadas?
Como reduzir as pegadas do seu artesanato?
Que plantas são plantas exóticas e nativas?
Quais plantas são nativas da sua região?
Onde obter informação sobre plantas?
Nomes populares e científicos?

 

 O artesão usa a técnica que já domina

Não ensino nenhuma técnica de artesanato durante o curso. Não é o objetivo.  O artesão  já tem uma técnica e um trabalho que desenvolve. Nós iremos discutir, ao longo do curso, como o tema abordado  poderá fazer parte do trabalho daquele artesão. Todos conseguem. Não. É um processo criativo.  Ao longo do curso o artesão deverá criar peças, com a técnica que domina, sobre o tema abordado. Alguns não criam porque tem dificuldade em criar, outros porque  a técnica  não é adequada para trabalhar o tema. Por isso, uma conversa inicial é necessária para saber se o tipo de trabalho do artesão é adequado ao curso.

Quanto custa?

Eu programo o curso de acordo com as necessidades do cliente. Posso fazer uma introdução de um dia ou um pouco mais detalhado de uma semana. Meu projeto piloto foi de meses, mas porque é onde moro e fomos adequado os encontros de acordo com as necessidades de cada um. Depende de quanto quer investir. Como temos floras regionais diferentes, preciso avaliar se sua região tem um bom levantamento florístico para ser usado durante o curso. Por isso, preciso de um tempo para dar uma resposta sobre programas específicos ou a viabilidade do curso para determinada localidade.

Resultados


Mesmo assim, os resultados foram surpreendentes.  Veja nas fotos.
Para obter mais informações sobre o curso escreva para botanicaparaartesaos@gmail.com

Capa de almofada com flores de quaremeira aplicadas de Ana Lúcia Fontes.

Alunos do curso com a coordenadora do projeto itinerante da SOS Mata Atlântica Patrícia Ferreti
èquena escultura em papel, em móbile, representando uma flor de ipê-amarelo. DE Tatiana M. L. Maciel

22 de fev. de 2015

A manga no Brasil


Manga. Mangifera indica. Foto: Maria Marinho. Wikipedia.


Estamos na época da colheita da manga. Os pés estão carregados. Aqui em Minas, temos um cultivar chamado 'Ubá' em referência a cidade de Ubá, em Minas Gerais, onde esse cultivar desenvolve-se maravilhosamente, produzindo mangas muitos doce e com pouquíssima fibra. Existem muitos cultivares diferentes de manga. Se você ainda não sabe o que é um cultivar leia 'O que é um cultivar'. 

21 de abr. de 2014

O jacu na horta

Tenho um irmão que saiu da cidade e foi morar no campo. Agora ele está descobrindo a alegria de plantar. Vivendo o prazer de todos os dias acordar e ver o verde por toda a parte. Isso é maravilhoso. Mas, a proximidade com a vida selvagem traz outras problemas que uma pessoa que vive ou viveu na cidade não está acostumado. O meu irmão por exemplo está vendo sua horta ser atacada por populações de jacus. 

Penelope supercilares. Foto: M. Eiterer

 O jacu

O jacu é uma ave da família Cracidae (Galliformes). Os cracídeos são aves neotropicais de grande porte conhecidas por mutuns, jacus, jacutingas, aracuãs, ao todo são 50 espécies e 10 gêneros. Os jacus pertencem ao gênero Penelope, que reúne 15 espécies. Os cracídeos formam um dos grupos de aves neotropicais mais ameaçado de extinção. O desmatamento e a caça indiscriminada reduziram drasticamente as populações de cracídeos. Mais de um terço das suas espécies estão em perigo de extinção. O jacus tem hábito arbóricola, ocasionalmente vindo ao chão. Podem ser distinguido das jacutingas pela barbela vermelha, que na jacutinga é azul. Meu irmão vive na região da zona da mata mineira, onde ocorrem Penelope obscura e Penelope superciliares, as duas espécies estão na categoria pouco preocupante pela International Union for Conservation of Nature (IUCN, ver aqui Penelope obscura e Penelope supercilares). No entanto, as análise locais mostram resultados diferentes. Em Viçosa, por exemplo, Penelope supercilares está criticamente em perigo e Penolope obscura está na categoria vulnerável. 

Os jacus alimentam-se  principalmente de frutos, são frugívoros. Embora possam também consumir folhas, flores brotos e insetos. O gênero Penelope é um importante dispersor de sementes, pois os frutos são digeridos rapidamente e as sementes são ingeridas e defecadas intactas e viáveis. Não conhecemos com detalhes a dieta das 15 espécies de Penelope, mas um estudo mostrou que 44 espécies de plantas fazem parte da dieta do jacupemba (P. superciliares). Alguns exemplos de plantas usadas na dieta do jacumpeba são: palmeira juçara (Euterpes edulis), guabiroba (Camponesia xanthocarpa)  peroba-branca (Chrysophyllum gonocarpum), canela-preta (Nectandra megapotamica), canela-amarela (Ocotea dyospyrifolia) canjerana ( Cabralea canjerana). Só para citar algumas.

 Cultivo protegido

Cultivo protegido. É possível criar estruturas menores.Foto:Deyvid Setti e Eloy Olindo Setti.


Para ter uma convivência pacífica com os jacus é preciso proteger a horta, no caso do meu irmão que tem pequenos canteiros, ele pode fazer o cultivo protegido. O cultivo protegido tem muitas vantagens reduz o ataque de pragas, de doenças e propicia economia de insumos, mantém a temperatura e reduz a perda de água. Contudo, para agricultores com grandes áreas o investimento é muito alto, inviabilizando sua instalação. Por isso os estudo das populações de jacus são importantes para entendermos melhor seu  comportamento e criar técnicas de manejo adequadas e mais baratas para a convivência pacífica entre agricultores e jacus. 

O café de jacu

Mas já existem aqueles que tiram proveito dessa convivência para criar produtos diferenciados como é o caso do 'Jacu Bird Coffee'. O proprietário deliberadamente deixa sua plantação de café ser  'atacada' por jacus que comem os frutos. Depois as fezes com o grão são recolhidas, secas e tratadas, produzindo um café de alta qualidade com menor acidez.  Os preços são altos e o café é vendido por quilo e não por saca.

Como fazer o  cultivo protegido

E como fazer o cultivo protegido? Sugiro a construção de um modelo menor do que os usados para grandes produções. Fica bem mais barato e é mais fácil de construir. 

Primeiro é preciso colocar uma armação de vergalhão de construção em forma de arco sobre os canteiros, enterrando as pontas no canteiro. A quantidade de arcos depende do comprimento do canteiro, mas a proximidade dos arcos deve ser adequada para suportar a tela ou o plástico. A altura depende da planta, para a couve sugiro um arco maior do que para o alface. Depois de colocado o arco coloca-se a tela ou o plástico próprio para estufa e de boa qualidade. Coloque o plástico de forma que você possa removê-lo para limpar, plantar e colher, além de arejar. Simples e fácil de fazer.

Fonte:
BirdLife International 2012. Penelope obscura. In: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.2. disponível em <www.iucnredlist.org>. Acesso em 21 de abril de 2014.
BirdLife International 2012. Penelope superciliaris. In: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.2. Disponível em <www.iucnredlist.org>. Acesso em 21 de abril de 2014.
RIBON, Romulo; SIMON, José Eduardo; MATTOS, Geraldo Theodoro de. 2003. Bird extinctions in Atlantic forest fragments of the Viçosa region, Southeastern Brazil. Conservation Biology 17: 1827-1839.
SICK, Helmut. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.